quarta-feira, 2 de dezembro de 2009 | ||
aquáio | ||
Estúdio Toca | por Allan Melo e Rodrigo Sabatinel | ||
"Foi ali que comecei a fuçar e a fazer minhas experiências, como transformar as caixas da radiola em uma espécie de réplica das caixas de guitarra Marshall, e construir pedestais de microfone com ferragens de prender cortinas", lembra o proprietário, que, quando fez suas primeiras gravações e mixagens, mal sabia o que era faixa dinâmica. "Ao usar um compressor, ia pelos resultados, vendo o que cada mexida em um botão fazia. Não tinha a menor ideia do que estava acontecendo com o áudio, mas, devagar, fui pesquisando e passei a entender um pouco mais dos parâmetros de cada equipamento", completa. O estúdio foi fundado, inicialmente, para que Tim pudesse ensaiar com a sua banda, a Orfeu. Em pouco tempo, no entanto, ele passou a atender o mercado local, repleto de artistas que ensaiavam em suas próprias casas e careciam de um espaço maior e com mais qualidade, já que os bons estúdios ficavam a pelo menos uma hora dali, na capital mineira. Recentemente, o Toca e o Coletivo Semifusa, um projeto de música independente de Ribeirão das Neves, que visa fomentar a cultura local promovendo eventos e o intercâmbio entre os artistas da cidade com os de outras regiões do estado e do Brasil, tornaram-se parceiros. A associação terá como fruto a produção do Toca ai, um programa gravado no próprio estúdio e veiculado na Semifusa Web TV, com o registro de coletâneas com todas as bandas que fazem parte do projeto. Bons e velhos pentes de ovos faziam a acústica dos ambientes Na época da criação do Toca, para transformar a mercearia em estúdio, Tim contou com o auxílio do pai e do irmão. Juntos, eles promoveram algumas modificações na estrutura original do ambiente. A primeira delas foi a redução do espaço com a instalação de uma nova parede, mais recuada. Em seguida, vieram a construção do aquário, que divide a sala de ensaio e a técnica, e a forração acústica, feita com madeira no teto e Eucatex revestido com pentes de ovos nas paredes. O proprietário conta que, na época, não tinha nenhuma experiência na construção de estúdios. Porém, como não dispunha de verba para investir em um projeto de acústica desenvolvido por um engenheiro especializado, utilizou-se do básico, mesmo sabendo que os pentes de ovos eram um bom abrigo para ratos, baratas e traças. "Do rodapé ao teto, tudo era pente de ovo! Era o que eu tinha de tratamento acústico na época, e até que diminuiu um pouco a reverberação e não ficou ruim. Eu e meu irmão, que toca comigo na banda, fizemos um trabalho bacana na época", explica. A simplicidade também figurou na aquisição dos primeiros equipamentos do estúdio, que contou, por algum tempo, somente com um amplificador Meteoro RX200 para guitarra, um Staner BX 100 para contrabaixo, e uma mesa Yamaha EMX 860 ST. "Quando montamos o estúdio, tínhamos a caixa de guitarra construída com o alto-falante da radiola e um amplificador de uma caixa multiuso, além de caixas enormes para voz, ligadas a um amplificador. Tudo era muito precário", conta Tim. Em 2004, reforma deixa o estúdio com nova cara Os ensaios rolavam a todo vapor, até que, em 2004, vieram as primeiras gravações, realizadas através de uma placa de áudio de um Pentium 4, o que, para quem estava acostumado a fazer gravações com um gravador cassete Sharp, parecia o supra-sumo da tecnologia. Mas com o volume de trabalho, que crescia a cada dia, Tim logo tratou de comprar uma placa de áudio Delta 44, da M-Audio, que substituiu o material obsoleto. Sentindo que era hora de modificar a cara do estúdio, e com o incentivo da namorada arquiteta, no início de 2007, o músico se encorajou e começou uma pequena reforma no Toca. Depois de muito pesquisar na internet, visitando sites como o Audio List (http://audiolist.org/), e consultar a M&T, ele passou as ideias do papel para as paredes. "A reforma do Toca já estava programada. Eu estava descontente com o visual do lugar e até mesmo com a qualidade de alguns trabalhos feitos na época. Além disso, quase perdi tudo em um principio de incêndio causado por um curto circuito. Então pensei que era mesmo hora de mudar", lembra Tim, que, durante um tempo, ficou indeciso entre colocar espuma Sonex, ou construir absorvedores. Na ocasião, acabou optando por construir as tais peças com o auxilio de uma planilha de cálculo de reverb. As novas paredes ficaram afastadas da alvenaria externa para melhorar o isolamento, e o forro acústico usado no teto contribui para melhorar a sonoridade do ambiente. Foram feitos ainda três bass traps, que atualmente estão dispostos nos cantos da sala para o controle dos graves. Mais uma vez, a dimensão do espaço acabou sendo modificada, pois foram acrescentadas paredes internas feitas com OSB e MDF de 20mm de espessura, além de lã de vidro. As madeiras foram aparafusadas em sarrafos fixados apenas em dois pontos: no chão e na ponta de cima da parede - tudo com parafusos e borrachas que reduzem a vibração e dificultam a passagem do som. O pé direito também passou por mudanças. Antes rebaixado, o forro após a reforma foi feito o mais alto possível, acompanhando a inclinação do telhado. Outra mudança feita incluiu o rebaixamento do piso de cimento em sua parte mais alta. O isolamento da porta que fica entre a técnica e a sala foi reforçado com a inclusão de duas camadas de lã de vidro e madeira MDF. Além disso, foram instalados dois vidros na porta, um de 6mm e outro de 10mm, para aumentar a visão da sala. Já para a vedação, foram colocadas borrachas em volta da porta e dos vidros. Todo o sistema elétrico do estúdio foi modernizado. No lugar das "gambiarras", foram instalados fios compatíveis e uma caixa de distribuição e alimentação padrão de energia. Até mesmo o cabeamento de áudio foi modernizado. Hoje, o Toca utiliza multicabos Smart Cable e conectores Amphenol. Dificuldades pontuam a obra, mas revitalizam o ambiente A reforma revelou surpresas não tão boas em sua estrutura: ao retirar os pentes de ovo, por exemplo, percebeu-se que a madeira existente por trás estava completamente infestada de cupim. "E os bichos também fizeram um estrago no forro. Ainda bem que eles não gostam de madeira Paraju, senão, nem telhado teria mais! Isso foi desanimador, pois a ideia era a de colocar mais madeira do que já tinha ali", explica Tim. Para acabar com todo e qualquer vestígio de cupim, as madeiras foram imunizadas com Pentox, um produto especial para dedetização. Ainda de acordo com ele, o telhado seria um problema para conseguir um isolamento perfeito. "Como não tinha dinheiro para fazer uma laje naquele momento, então desencanei. Nunca ninguém havia reclamado do barulho, e o bairro e a rua são bem tranquilos. Sendo assim, não haveria problema nenhum se houvesse um pouco de vazamento", conta. Reforçando o forro de madeira que sobreviveu aos cupins, Tim instalou uma outra camada, e todas as frestas foram vedadas com silicone e espuma injetável. Ao fim, o músico instalou um forro acústico. Outra dificuldade enfrentada por ele era a de conciliar o seu dia a dia com a reforma. "Trabalho em uma companhia de teatro, e quando comecei a reforma, estava tudo tranquilo. Mas assim que desmontei tudo no estúdio, a quantidade de trabalho da companhia aumentou, e ficou complicado conciliar as duas coisas. Às vezes, chegava super cansado do trabalho e não conseguia render muito no estúdio", conta. Para combinar com as novas salas, novos equipamentos Quando decidiu fazer a reforma, Tim sabia que também precisava fazer o upgrade dos equipamentos do estúdio. Sendo assim, começou pelo mais importante: a plataforma de gravação. Para ocupar o lugar do antigo Pentium 4, foi adquirida uma estação com processador Intel Core 2 Duo E7500, memória de 4GB e disco rígido SATA, de 320GB, além de um HD externo para backups, de 160 GB. "Meu computador já não estava mais aguentando e, às vezes, travava no meio de uma gravação ou mixagem, geralmente, quando eu mais precisava dele. Então, resolvi trocá-lo para não ter maiores problemas", explica. O músico também adquiriu uma placa Echo Layla 3G. "A placa foi uma das melhores aquisições neste período: oito entradas, duas com bons pré-amplificadores, e a possibilidade de expansão usando ADAT optical I/O digital. Além disso, possui oito saídas com ótima taxa dinâmica de 113dB", conta o proprietário do estúdio. Para controle e monitoração, Tim optou por um console Behringer Xenyx 2442 FX e um par de caixas, da mesma marca, Truth B 2030A. No pacote, o músico também levou um headphone S-Phone, da Samson; e para ensaio duas caixas Antera M15.1. "Os Monitores Truth B 2030A possuem uma boa resposta de frequência. São ativos, compactos e bons para pequenas distâncias. Era o que eu precisava por ter uma técnica pequena, e o preço também contou muito. Já a Behringer Xenyx 2442 FX é uma mesa com uma ótima relação custo/benefício, mas o que me chamou a atenção foi a quantidade de saídas. Eu posso usar as oito direct outs ligados à placa, ou tiras de três auxiliares, ou ainda dos quatro subgrupos. Ao todo, são 15 saídas que posso usar para gravação, ou para uma mesa de 12 entradas. Essa é uma das principais vantagens da Xenyx", justifica. Com a reforma, Tim já assinou trabalhos como a edição e mixagem da trilha sonora do espetáculo Dom João e a invenção do Brasil para Companhia Catibrum Teatro de Bonecos, de Belo Horizonte; e algumas gravações demo para as bandas locais. "Neste ano, estamos gravando o primeiro CD da minha banda, Cidadão Comum, previsto para ser lançado no inicio de 2010. Também estou trabalhando na produção de uma dupla sertaneja e, para os próximos meses, na gravação do CD da banda Verto e Madrasta, daqui da região". Contatos: (31) 3625-2916/(31) 8848-0467 E-mail: estudiotoca@hotmail.com Site da revista: www.musitec.com.br |
Oi Tim.
ResponderExcluirObrigado pela referência ao Audio List, estamos aí para ajudar. E parabéns pelo estúdio! Desejo-lhe muito sucesso. :-)
abraços,
Edu Silva
audiolist.org
parabens tim!!!!
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